No período em que viveu na Bahia, após o lançamento de cada um de seus livros, foi possível encontrar resenhas críticas, principalmente de Carlos Chiacchio, no jornal A Tarde.
Até o momento não se teve condições de ler toda a sua produção da autora, portanto, o comentário estará diretamente relacionado com o seu primeiro livro e algumas produções esparsas divulgadas em revistas da mesma época. Hyldeth Favilla escreveu sonetos além de poemas de forma livre. Dentre os temas abordados aparecem o patriotismo, a religiosidade, bem como os motivos da natureza. Em sua publicação esparsa encontra-se poemas nos quais a autora reflete sobre o comportamento e a fragilidade humana, dando sugestões de como agir diante dos problemas do cotidiano.
No poema "Ritmo novo", de 1928, a autora alude 'a fase da poesia brasileira do início do século XX, documentando o movimento Modernista, que ela chama de "as rebeliões literárias contra o tradicionalismo bolorento das velharias".
Ritmo novo
Abalroamento de idéias!
Confusões…
Lutas titânicas da
Estética, da
Forma, da
Emoção…
O andar das...
Em Dor Suave, de 1927, ainda a autora segue a tradição de falar de amor, da tristeza e sobretudo da desilusão amorosa. O título do livro, bastante sugestivo, concentra e revela como, suavemente, a dor , as desiluções e o sofrimento passam a fazer parte da vida do eu lírico.
Em "Quadras", a autora expressa a desilusão amorosa. O fato de amar e não ser correspondida é comparado com a escuridão da noite, sentido que vem empregado como negativo em seus versos.
Amar e não ser amada,
Que grande infelicidade:
É viver sempre magoada,
A pensar numa saudade.
Saudade negra, dorida,
Tão repleta de tristeza,
Que traz minh'alma oprimida,
Num poço de angustias presa!
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É passar a noite e o dia
Sempre cheia de aflição.
É trazer uma agonia
Constante no coração.
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É sonhar doce futuro
Cheio de luz e esplendor,
Para despertar no escuro
Da mais cruciante dor…1
De forma mais direta, a dor é revelada em "Quem me faz triste". Mas, encontra-se o paradoxo que iria ser cultivado pela sua geração. O amor é algo que aprisiona, a liberdade é convidativa enquanto é simbolizada pelo vôo da andorinha.
"Eu era alegre como a andorinha
Que voa confiante, sem temor.
De cativa ficar na alheia vinha;
Eu era alegre como a andorinha…
E quem me fez assim tão triste? O amor."1
Se todo este sofrimento presente em suas criações poéticas parece ser uma temática da escrita de autoria feminina desde o período romântico, essa hipótese se desfaz na segunda parte de livro. Em "Noite de luar" a noite enluarada parece com o dia, pois é cheia de luz. O elemento noite deixa de ter um sema negativo, transformando em estado de alegria. Ao invés do melancólico cair da tarde/fim do dia, a autora fala do nascer da noite.
Se as produções de escritoras contemporâneas como Clarice Lispector, Adélia Prado ou Lygia Fagundes Telles têm sido tão bem acolhidas e incorporadas ao cânone literário brasileiro, que isto não sirva de motivo para o descaso com a produção daquelas que não tiveram possibilidade de ter uma boa divulgação do seu trabalho.
A circulação do trabalho de escritoras como Hyldeth Favilla serve de fundamento para uma revisão em nossa história literária.