MARIA PATRÍCIA
(pseudônimo)
Carla
Patrícia Santana1
Ivia Alves2
Pseudônimo
de Nícia Maria Valente Dantas que nasceu em 21 janeiro de 1930, na cidade de
Salvador-Bahia. Filha de Augusto Marques Valente, médico baiano e de Aidil
Peixoto Valente.3
Nícia Maria Valente Dantas iniciou sua carreira literária bissexta, trabalhando, como colaboradora, do no jornal Estado da Bahia, entre 1946 e 1950.
Sendo de família de classe média alta, conhecida no meio social da cidade utilizou-se do pseudônimo de Maria Patrícia. Por essa época ingressou na Faculdade de Jornalismo da Bahia (foi da primeira turma), porém nem chegou a concluir o curso por ter ido estudar nos EUA. Sendo costume das famílias abastadas, na época, dar uma ilustração e conhecimento ‘as jovens através da vivencia em países estrangeiros, a jovem Dantas que deveria viajar para Europa, teve seu roteiro modificado por causa dos grandes estragos causados pela Segunda Grande Guerra (1939-1945) e com 17 anos, acompanhada pelos avós viajou para os Estados Unidos da América. Após o regresso desses ao Brasil, ficou morando com uma família americana em Nova York, fato que não era comum para as moças da sua época. Ressalte-se, no entanto, que, embora tenha tido toda a sua formação na Bahia, ela fora muito mais avançada e diferenciada das demais jovens originárias de famílias abastadas baianas, pois sua mãe insistiu que ela cursasse um colégio misto, bilíngüe, de nome Colégio Miss Slight, bem como o Colégio Jacobina, no Rio de Janeiro. Através de seu próprio depoimento, foi-nos informado que sua mãe tinha tido uma educação dentro do modelo inglês e insistia em seguir a mesma orientação na educação da filha, apesar de que alguns amigos não vissem com bons olhos o fato de Nícia Dantas cursar uma Faculdade como a de jornalismo. No entanto, os pais sempre a apoiaram e, no seu depoimento, ela ressaltou o fato de a mãe ter estudado na Inglaterra (o avô chegou a ter uma fábrica de tecidos naquele país), e de ter uma visão avançada para a época, afirmando que a mulher devia ser independente, não apenas em relação aos homens e ao casamento, mas em tudo na vida; a mãe a educou dentro dessa orientação de que a mulher devia saber "desde passar roupa a ter uma profissão que garantisse seu sustento".
A visão de mundo aberta da mãe, a estimulou a ser bandeirante, atividade que muito a auxiliou na concepção de ser independente.
Após sua viagem para os EUA, outros interesses a desviaram do caminho da literatura e do jornalismo diário e apesar de ter sempre trabalhado na vida, nunca mais voltou a escrever continuamente.
Sua ida para os Estados Unidos, sua permanência por anos em um país estrangeiro rompe com o percurso até então traçado e com o casamento, segundo seu depoimento, resolveu dedicar-se aos filhos e marido deixando de lado sua primeira profissão eleita; no entanto, não relegou o trabalho fora de casa, nem mesmo a sua primeira atuação. Escreveu artigos sobre turismo e também três livros de culinária, sendo que um deles, o último, chegou a fazer uma pesquisa etimológica, com a finalidade de diferenciá-lo de outros que circulavam no mercado. Atualmente, divide suas atividades empresariais como também residência entre a Bahia e Rio de Janeiro.
Jornalista desde bem jovem, tinha na época que iniciou a seção, 16 anos, sua intensa, mas rápida atividade foi, posteriormente, recolhida em livro. Essas crônicas reunidas e publicada por seus pais tomaram o nome de Crônicas de Maria Patrícia 1946-19504 . O livro teve apresentação de Luiz Viana Filho e uma sucinta resenha (orelha) de Ruy Simões. Crônicas de Maria Patrícia foi, portanto, o único livro, do gênero, publicado por Nícia Dantas.
1Profª. Graduada em Letras pela UFBA
2Profª. Dr.ª em
Literatura Brasileira da UFBA
3Foi
entrevistada por Carla Patrícia de Santana. A autora relutou muito em aceitar
ser arrolada como escritora, já que tal experiência se passou quando era muito
jovem. No entanto, através de sua coluna, pode-se captar a atmosfera da época
e a circulação de vários nomes de outras escritoras.
4 Brasília: Centro Gráfico do Senado Federal, 1980.